quarta-feira, 3 de julho de 2013

FICHAMENTO: ESTUDO SOBRE A INCLUSÃO SOCIAL E EDUCACIONAL DO SURDO POR MEIO DO FACEBOOK


FICHA:
 MENESES, S.C.P. Estudo sobre a inclusão social e educacional do surdo por meio do facebook. 2013. 105f. Dissertação(Mestrado em Educação). Universidade Tiradentes, Diretoria de pesquisa e extensão, Aracaju.
CONTRIBUIÇÃO DO TEXTO PARA PESQUISA:
A pesquisa contribui para mostrar que a rede social digital facebook é um ambiente acessível linguisticamente para o sujeito surdo. O referencial apresentado é um ponto de partida para pesquisas futuras.
OBJETO DE ESTUDO:
A inclusão social e educacional do surdo por meio do facebook para compreender o papel das redes sociais digitais no processo de comunicação do surdo.
MÉTODO UTILIZADO:
A pesquisa baseou-se numa abordagem metodológica a netnografia digital, apoiada em Rocha e Montardo(2005) e a análise de dados qualitativa, por meio da análise de conteúdo tendo como referencial teórico, Bardin(2002), Vygotsky(19890, Quadros(2006), Goldfeld(2002), Sacks(2010), Castells(1999).
OBJETIVOS DO AUTOR:
  1. Compreender o papel das redes sociais digitais, especificamente o facebook, no processo de comunicação do surdo;
  2. Analisar o papel das redes sociais digitais na comunicação entre surdos através da observação da escrita da língua portuguesa;
  3. Identificar e caracterizar como as formas de utilização da internet pelos surdos podem potencializar o acesso e a construção da escrita da língua portuguesa;
  4. Analisar a relação entre o processo de alfabetização dos surdos e a utilização da rede social digital facebook influencia em sua comunicação e interação. (pág.25)
FONTES:
Campo empírico- espaço virtual por meio da “Comunidade Surda de Sergipe” na rede social facebook; 30 alunos , jovens e adolescentes surdos da comunidade do facebook; questionários online e fórum de discussão; IBGE(quadro01), INEP(quadro02).
PRINCIPAIS CITAÇÕES:
Conforme Meneses(2011), “os surdos afirmam que existem dificuldades no processo de comunicação por meio das redes sociais digitais. Para muitos, estas dificuldades estão no campo da leitura e escrita. Para alguns destes jovens a grande dificuldade é entender a cultura ouvinte e ler textos grandes, mas o acesso às redes tende a melhorar a qualidade da sua produção escrita e compreensão dessa cultura.”(pág. 24)
Rocha e Montardo(2005,p.9): “Umas das possibilidades de se estudar o imaginário virtual e seus atores se faz pelo método da observação. Assim como é comum para a antropologia, a observação no ciberespaço é relevante. Porém devido à natureza desterritorializada do ciberespaço, o que se pergunta é de que forma fazer a observação participante à distância. A premissa básica da aproximação ao objeto de estudo merece, então, um redirecionamento.(...) Para tanto são apresentados como instrumentos de pesquisas: cyberinterviews, e-mails, board postings, e homepages.” (pág.26)
Segundo Diaz(2011), “Nesta concepção, o cultural e o social se entrelaçam e se incluem entre si: a cultura faz parte do social e o social tem uma de suas expressões na cultura que, por sua vez, desenvolve o social. Desta forma, acontece toda uma influência social em geral e cultural em particular, expressa fundamentalmente pelo processo educativo que atua sobre cada membro da sociedade culturalizada, através principalmente da família e da escola, porém também através dos grupos, da mídia, das outras pessoas, das diferentes instituições públicas e privadas, enfim, de tudo o que é produzido pelo conjunto de seres humanos em interação, isto é, pela sociedade e pela cultura.” (pág.35)
Para Wolton(2010), “ O problema não é mais somente o da informação, mas antes de tudo o das condições necessárias  para que milhões de indivíduos se comuniquem ou, melhor, consigam conviver num mundo onde cada um vê tudo, sabe tudo, mas as incontáveis diferenças- linguísticas, filosóficas, políticas, culturais e religiosas- tornam ainda mais difíceis a comunicação e a tolerância. A informação é mensagem. A comunicação é a relação, que é muito mais.” (pág37)
Giordan(2205, p.60) afirma que, ...”é pela mediação da oralidade e da escrita que ocorre não apenas a maioria, mas também as principais e mais significativas ações humanas.”
Castells(1999, p.443), afirma que “ A vantagem da rede é que ela permite a criação de laços fracos com desconhecidos, num modelo igualitário de interação, no qual as características sociais são menos influentes na estruturação, ou mesmo no bloqueio, da comunicação...os laços fracos facilitam a ligação de pessoas com diversas características sociais, expandindo assim a sociabilidade para além dos limites socialmente definidos do autoconhecimento...de fato, a comunicação on-line incentiva discussões desinibidas, permitindo assim, a sinceridade.”(pág45)
Para Galvão Filho(2008,p.25) “ Novas realidades e novos paradigmas emergem na sociedade humana, nos dias de hoje. Uma sociedade mais permeável à diversidade questiona seus mecanismos de segregação e vislumbra novos caminhos de inclusão social da pessoa com deficiência. Este fato tem estimulado e fomentado novas pesquisas, inclusive com a apropriação dos acelerados avanços  tecnológicos disponíveis na atualidade. A presença crescente das tecnologias de Informação e Comunicação(TICs) aponta para diferentes formas de relacionamento com o conhecimento e sua construção, assim como novas concepções e possibilidades pedagógicas.” (pág46)
Silva(2009,p.76) “ O combate à infoexclusão não deve limitar-se ao amplo acesso ao computador conectado à internet[...] mas à qualificação dos usuários para a não subutilização das tecnologias digitais interativas, bem como para a participação criativa e colaborativa no universo on-line[...] não basta ter acesso às tecnologias digitais on-line. É preciso saber operá-la não mais como um receptor de mídia clássica. A internet é uma mídia interativa, em que somos espectadores e participadores ao mesmo tempo.(pág48)
Decreto nº 5.2969 de 02 de dezembro de 2004), em seu Art. 8º: “ ...acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzaida;[...].   
... ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoas portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida;[...]
...desenho universal: concepção de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade.” (pág50)
Capra(2008), “afirma que essas relações não tem limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade e é permanentemente mantido e renegociado pela rede de comunicações.”(pág60)
Skiliar(1998), “o sujeito surdo é bicultural, pois está inserido em duas culturas, ouvinte e surda. Essa cultura(surda), como qualquer outra cultura, tem a língua como parâmetro principal, de onde é criada toda uma forma de convivência e socialização.”(pág81)
PRINCIPAIS CONCLUSÕES DO AUTOR:
A autora ficou feliz com o resultado do trabalho uma vez que aplicou com sucesso as etapas da coleta de dados que subsidiou todo o estudo. E, por meio dessa coleta identificou as dificuldades mais relevantes na prática dos surdos na utilização da língua portuguesa (conjugação verbal, uso exagerado ou não uso de preposições, concordância, estrutura de frases e vocabulário), com relação ao uso das redes sociais como meio de interação e aprendizagem, a autora identificou a rede social mais utilizada, que é o facebook, o Orkut é acessado pela classe D e E, menos acesso e por isso não se atualizam com a rapidez da evolução das ferramentas. Os surdos utilizam dispositivos específicos para facilitar a comunicação, o close caption, tradutor de libras e o dicionário de libras. Diante da pesquisa feita também conseguiu perceber as maiores dificuldades que eles encontram nas leituras de páginas da internet foi a falta de legenda, de tradutor de texto e principalmente falta de conteúdo em libras. Eles utilizam a internet para ver notícias, baixar séries com legenda, vídeos no youtube. A autora reforça a importância da criação e socialização de aplicativos que minimizem as dificuldades encontradas no estudo, confirmando assim a importância da tecnologia assistiva, garantindo assim a acessibilidade comunicacional dos surdos. Afirma ainda que o processo de inclusão por meio das redes sociais digitais permite a inclusão digital e o acesso e uso das tecnologias da informação e comunicação é um precioso aliado no acesso e a construção da escrita da língua portuguesa, desenvolvendo assim a comunicação do sujeito surdo, viabilizando o contato com os ouvintes, aumentando assim o vocabulário e compreensão do significado das informações. Através da pesquisa aplicada, a autora constatou que existe ainda surdos que não dominam nem a libras, nem o português como também os 30 alunos surdos que participaram da pesquisa estarem no ensino médio e superior, fato quase impensável na realidade nacional e local. Os resultados obtidos foram satisfatórios, sendo essa pesquisa o início de futuras pesquisas. A autora termina o trabalho falando que acredita numa educação que privilegia as políticas públicas de acessibilidade, com respeito às diferenças linguísticas, mediadas pelo uso das TICs respaldadas no bilinguismo e nas linguagens visuais para uma mudança dos paradigmas da inclusão, permitindo assim mais acessibilidade e usabilidade de ações e conquistas das pessoas surdas.
COMENTÁRIO E ANÁLISE DO LEITOR:
Apesar de trabalhar com a informática educativa há quase 8 anos, nunca me permiti ir a fundo nas leituras e possibilidades que eu poderia aplicar em minha prática com as crianças surdas que passaram por mim, uma vez que as mesmas eram tratadas com diferenças pelas professoras e auxiliares, e pouco compareciam nas minhas aulas. É a primeira vez que estou lendo, pesquisando sobre o assunto e estou vislumbrando um leque de possibilidades com a experiência que tenho no manuseio do computador como ferramenta pedagógica. Pensar na inclusão e agir de forma concreta é assumir com amor a sua profissão e ser responsável pelo outro.
A autora Soraya por conta da necessidade de entender e ajudar sua filha e sua prática na educação especial vislumbrou esse projeto e conseguiu com seu trabalho focar na importância das tecnologias digitais, abordou mais o uso do facebook, de grande valia na interação e comunicação dos alunos, possibilitando a integração deles no mundo virtual.
Um trabalho rico com dados e fatos pertinentes ao tema baseado em autores importantes no processo que justificam a importância do estudo que a autora fez. A fundamentação teórica foi muito bem centrada nos conceitos aplicados e abordados durante todo o trabalho, percebi a preocupação da autora em nos fazer entender da necessidade da inclusão(acesso, manuseio, comunicação, linguagem) na utilização da rede social estudada,da importância do entendimento e prática da escrita como forma de interação e facilidade na rotina deles para estudar, se relacionar, assistir, jogar, baixar séries, etc.
Consegui visualizar os exemplos que ela mostrou no trabalho, com as imagens, questionários e entendi a importância e preocupação da mesma. É realmente uma pesquisa que sugere muitas outras pesquisas que abordem as necessidades urgentes das práticas inclusivas, principalmente no ciberespaço.
RESUMO:
O presente trabalho abordou questões muito importantes  no que diz respeito ao papel das redes sociais, o facebook no processo de comunicação do surdo, analisando assim o domínio da língua portuguesa no contexto tecnológico em que estamos inseridos. A pesquisa se fundamenta em autores como Vygostsky, Galvão Filho, nas leis, decretos, nos dados coletados com as pesquisas e questionários feitos e também no facebook dos alunos observados, na comunidade eu eles estão inseridos. Foi pensando na angústia e necessidade de sua filha que a autora se estimulou a buscar e entender como os surdos faziam para conversar, se relacionar e dominar a linguagem, buscando meios de solucionar as dificuldades encontradas por eles.
A falta de estudos mais específicos voltados para aprendizagem da língua portuguesa na modalidade escrita pelo surdo e o intuito de lançar um novo olhar sobre as potencialidades e possibilidades de aprendizagem na utilização das tecnologias digitais é que justificou esse trabalho. Apresentou no primeiro capítulo o sujeito surdo e a relação dialógica entre inclusão e exclusão, abordando a educação e a inclusão do surdo com dados e conceitos que permearam por tempos na cultura e comunicação dos surdos, processos de alfabetização e letramento na escola inclusiva. No segundo capítulo, a autora aborda as redes sociais digitais, apresentando a tecnologia como meio de intervenção na comunicação deles, falando de alfabetização digital,acessibilidade conceituando a tecnologia assistiva(através de imagens apresenta alguns softwares que os surdos utilizam para facilitar o manuseio no computador para a internet, linguagem e comunicação). Aborda também o histórico do facebook, características, citando e apresentando dados do facebook no Brasil e em Sergipe, reafirmando assim a importância das redes sociais digitais na interação, educação e comunicação dos surdos.Por fim, no último capítulo ela nos revela com mais detalhes o percurso metodológico da pesquisa,seus instrumentos, dados, como organizou, tabulou e analisou através dos questionários, fóruns, diálogos no fórum da rede social.


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