FICHA:
MENESES,
S.C.P. Estudo sobre a inclusão social e educacional do surdo por meio do
facebook. 2013. 105f. Dissertação(Mestrado em Educação). Universidade
Tiradentes, Diretoria de pesquisa e extensão, Aracaju.
CONTRIBUIÇÃO DO TEXTO PARA
PESQUISA:
A pesquisa contribui para mostrar
que a rede social digital facebook é um ambiente acessível linguisticamente
para o sujeito surdo. O referencial apresentado é um ponto de partida para
pesquisas futuras.
OBJETO DE ESTUDO:
A inclusão social e educacional
do surdo por meio do facebook para compreender o papel das redes sociais
digitais no processo de comunicação do surdo.
MÉTODO UTILIZADO:
A pesquisa baseou-se numa
abordagem metodológica a netnografia digital, apoiada em Rocha e Montardo(2005)
e a análise de dados qualitativa, por meio da análise de conteúdo tendo como
referencial teórico, Bardin(2002), Vygotsky(19890, Quadros(2006),
Goldfeld(2002), Sacks(2010), Castells(1999).
OBJETIVOS DO AUTOR:
- Compreender o papel das redes sociais digitais, especificamente o facebook, no processo de comunicação do surdo;
- Analisar o papel das redes sociais digitais na comunicação entre surdos através da observação da escrita da língua portuguesa;
- Identificar e caracterizar como as formas de utilização da internet pelos surdos podem potencializar o acesso e a construção da escrita da língua portuguesa;
- Analisar a relação entre o processo de alfabetização dos surdos e a utilização da rede social digital facebook influencia em sua comunicação e interação. (pág.25)
FONTES:
Campo empírico- espaço virtual
por meio da “Comunidade Surda de Sergipe” na rede social facebook; 30 alunos ,
jovens e adolescentes surdos da comunidade do facebook; questionários online e
fórum de discussão; IBGE(quadro01), INEP(quadro02).
PRINCIPAIS CITAÇÕES:
Conforme Meneses(2011), “os
surdos afirmam que existem dificuldades no processo de comunicação por meio das
redes sociais digitais. Para muitos, estas dificuldades estão no campo da
leitura e escrita. Para alguns destes jovens a grande dificuldade é entender a
cultura ouvinte e ler textos grandes, mas o acesso às redes tende a melhorar a
qualidade da sua produção escrita e compreensão dessa cultura.”(pág. 24)
Rocha e Montardo(2005,p.9): “Umas
das possibilidades de se estudar o imaginário virtual e seus atores se faz pelo
método da observação. Assim como é comum para a antropologia, a observação no
ciberespaço é relevante. Porém devido à natureza desterritorializada do ciberespaço,
o que se pergunta é de que forma fazer a observação participante à distância. A
premissa básica da aproximação ao objeto de estudo merece, então, um
redirecionamento.(...) Para tanto são apresentados como instrumentos de pesquisas:
cyberinterviews, e-mails, board postings, e homepages.” (pág.26)
Segundo Diaz(2011), “Nesta
concepção, o cultural e o social se entrelaçam e se incluem entre si: a cultura
faz parte do social e o social tem uma de suas expressões na cultura que, por
sua vez, desenvolve o social. Desta forma, acontece toda uma influência social
em geral e cultural em particular, expressa fundamentalmente pelo processo
educativo que atua sobre cada membro da sociedade culturalizada, através
principalmente da família e da escola, porém também através dos grupos, da
mídia, das outras pessoas, das diferentes instituições públicas e privadas,
enfim, de tudo o que é produzido pelo conjunto de seres humanos em interação,
isto é, pela sociedade e pela cultura.” (pág.35)
Para Wolton(2010), “ O problema
não é mais somente o da informação, mas antes de tudo o das condições
necessárias para que milhões de
indivíduos se comuniquem ou, melhor, consigam conviver num mundo onde cada um
vê tudo, sabe tudo, mas as incontáveis diferenças- linguísticas, filosóficas,
políticas, culturais e religiosas- tornam ainda mais difíceis a comunicação e a
tolerância. A informação é mensagem. A comunicação é a relação, que é muito
mais.” (pág37)
Giordan(2205, p.60) afirma que,
...”é pela mediação da oralidade e da escrita que ocorre não apenas a maioria,
mas também as principais e mais significativas ações humanas.”
Castells(1999, p.443), afirma que
“ A vantagem da rede é que ela permite a criação de laços fracos com
desconhecidos, num modelo igualitário de interação, no qual as características
sociais são menos influentes na estruturação, ou mesmo no bloqueio, da
comunicação...os laços fracos facilitam a ligação de pessoas com diversas
características sociais, expandindo assim a sociabilidade para além dos limites
socialmente definidos do autoconhecimento...de fato, a comunicação on-line
incentiva discussões desinibidas, permitindo assim, a sinceridade.”(pág45)
Para Galvão Filho(2008,p.25) “
Novas realidades e novos paradigmas emergem na sociedade humana, nos dias de
hoje. Uma sociedade mais permeável à diversidade questiona seus mecanismos de
segregação e vislumbra novos caminhos de inclusão social da pessoa com
deficiência. Este fato tem estimulado e fomentado novas pesquisas, inclusive
com a apropriação dos acelerados avanços
tecnológicos disponíveis na atualidade. A presença crescente das
tecnologias de Informação e Comunicação(TICs) aponta para diferentes formas de
relacionamento com o conhecimento e sua construção, assim como novas concepções
e possibilidades pedagógicas.” (pág46)
Silva(2009,p.76) “ O combate à
infoexclusão não deve limitar-se ao amplo acesso ao computador conectado à
internet[...] mas à qualificação dos usuários para a não subutilização das
tecnologias digitais interativas, bem como para a participação criativa e
colaborativa no universo on-line[...] não basta ter acesso às tecnologias
digitais on-line. É preciso saber operá-la não mais como um receptor de mídia
clássica. A internet é uma mídia interativa, em que somos espectadores e
participadores ao mesmo tempo.(pág48)
Decreto nº 5.2969 de 02 de
dezembro de 2004), em seu Art. 8º: “ ...acessibilidade: condição para
utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços,
mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte
e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa
portadora de deficiência ou com mobilidade reduzaida;[...].
... ajuda técnica: os produtos,
instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou especialmente projetados
para melhorar a funcionalidade da pessoas portadora de deficiência ou com
mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida;[...]
...desenho universal: concepção
de espaços, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as
pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma
autônoma, segura e confortável, constituindo-se nos elementos ou soluções que
compõem a acessibilidade.” (pág50)
Capra(2008), “afirma que essas
relações não tem limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e
lealdade e é permanentemente mantido e renegociado pela rede de
comunicações.”(pág60)
Skiliar(1998), “o sujeito surdo é
bicultural, pois está inserido em duas culturas, ouvinte e surda. Essa
cultura(surda), como qualquer outra cultura, tem a língua como parâmetro
principal, de onde é criada toda uma forma de convivência e
socialização.”(pág81)
PRINCIPAIS CONCLUSÕES DO AUTOR:
A autora ficou feliz com o
resultado do trabalho uma vez que aplicou com sucesso as etapas da coleta de
dados que subsidiou todo o estudo. E, por meio dessa coleta identificou as
dificuldades mais relevantes na prática dos surdos na utilização da língua
portuguesa (conjugação verbal, uso exagerado ou não uso de preposições,
concordância, estrutura de frases e vocabulário), com relação ao uso das redes
sociais como meio de interação e aprendizagem, a autora identificou a rede
social mais utilizada, que é o facebook, o Orkut é acessado pela classe D e E,
menos acesso e por isso não se atualizam com a rapidez da evolução das
ferramentas. Os surdos utilizam dispositivos específicos para facilitar a
comunicação, o close caption, tradutor de libras e o dicionário de libras.
Diante da pesquisa feita também conseguiu perceber as maiores dificuldades que
eles encontram nas leituras de páginas da internet foi a falta de legenda, de
tradutor de texto e principalmente falta de conteúdo em libras. Eles utilizam a
internet para ver notícias, baixar séries com legenda, vídeos no youtube. A
autora reforça a importância da criação e socialização de aplicativos que
minimizem as dificuldades encontradas no estudo, confirmando assim a
importância da tecnologia assistiva, garantindo assim a acessibilidade
comunicacional dos surdos. Afirma ainda que o processo de inclusão por meio das
redes sociais digitais permite a inclusão digital e o acesso e uso das
tecnologias da informação e comunicação é um precioso aliado no acesso e a
construção da escrita da língua portuguesa, desenvolvendo assim a comunicação
do sujeito surdo, viabilizando o contato com os ouvintes, aumentando assim o
vocabulário e compreensão do significado das informações. Através da pesquisa
aplicada, a autora constatou que existe ainda surdos que não dominam nem a
libras, nem o português como também os 30 alunos surdos que participaram da
pesquisa estarem no ensino médio e superior, fato quase impensável na realidade
nacional e local. Os resultados obtidos foram satisfatórios, sendo essa
pesquisa o início de futuras pesquisas. A autora termina o trabalho falando que
acredita numa educação que privilegia as políticas públicas de acessibilidade,
com respeito às diferenças linguísticas, mediadas pelo uso das TICs respaldadas
no bilinguismo e nas linguagens visuais para uma mudança dos paradigmas da
inclusão, permitindo assim mais acessibilidade e usabilidade de ações e
conquistas das pessoas surdas.
COMENTÁRIO E ANÁLISE DO LEITOR:
Apesar de trabalhar com a
informática educativa há quase 8 anos, nunca me permiti ir a fundo nas leituras
e possibilidades que eu poderia aplicar em minha prática com as crianças surdas
que passaram por mim, uma vez que as mesmas eram tratadas com diferenças pelas
professoras e auxiliares, e pouco compareciam nas minhas aulas. É a primeira
vez que estou lendo, pesquisando sobre o assunto e estou vislumbrando um leque
de possibilidades com a experiência que tenho no manuseio do computador como
ferramenta pedagógica. Pensar na inclusão e agir de forma concreta é assumir
com amor a sua profissão e ser responsável pelo outro.
A autora Soraya por conta da
necessidade de entender e ajudar sua filha e sua prática na educação especial
vislumbrou esse projeto e conseguiu com seu trabalho focar na importância das
tecnologias digitais, abordou mais o uso do facebook, de grande valia na
interação e comunicação dos alunos, possibilitando a integração deles no mundo
virtual.
Um trabalho rico com dados e
fatos pertinentes ao tema baseado em autores importantes no processo que
justificam a importância do estudo que a autora fez. A fundamentação teórica
foi muito bem centrada nos conceitos aplicados e abordados durante todo o
trabalho, percebi a preocupação da autora em nos fazer entender da necessidade
da inclusão(acesso, manuseio, comunicação, linguagem) na utilização da rede
social estudada,da importância do entendimento e prática da escrita como forma
de interação e facilidade na rotina deles para estudar, se relacionar,
assistir, jogar, baixar séries, etc.
Consegui visualizar os exemplos
que ela mostrou no trabalho, com as imagens, questionários e entendi a
importância e preocupação da mesma. É realmente uma pesquisa que sugere muitas
outras pesquisas que abordem as necessidades urgentes das práticas inclusivas,
principalmente no ciberespaço.
RESUMO:
O presente trabalho abordou
questões muito importantes no que diz
respeito ao papel das redes sociais, o facebook no processo de comunicação do
surdo, analisando assim o domínio da língua portuguesa no contexto tecnológico
em que estamos inseridos. A pesquisa se fundamenta em autores como Vygostsky,
Galvão Filho, nas leis, decretos, nos dados coletados com as pesquisas e
questionários feitos e também no facebook dos alunos observados, na comunidade
eu eles estão inseridos. Foi pensando na angústia e necessidade de sua filha
que a autora se estimulou a buscar e entender como os surdos faziam para
conversar, se relacionar e dominar a linguagem, buscando meios de solucionar as
dificuldades encontradas por eles.
A falta de estudos mais
específicos voltados para aprendizagem da língua portuguesa na modalidade
escrita pelo surdo e o intuito de lançar um novo olhar sobre as potencialidades
e possibilidades de aprendizagem na utilização das tecnologias digitais é que
justificou esse trabalho. Apresentou no primeiro capítulo o sujeito surdo e a
relação dialógica entre inclusão e exclusão, abordando a educação e a inclusão
do surdo com dados e conceitos que permearam por tempos na cultura e
comunicação dos surdos, processos de alfabetização e letramento na escola
inclusiva. No segundo capítulo, a autora aborda as redes sociais digitais,
apresentando a tecnologia como meio de intervenção na comunicação deles,
falando de alfabetização digital,acessibilidade conceituando a tecnologia
assistiva(através de imagens apresenta alguns softwares que os surdos utilizam
para facilitar o manuseio no computador para a internet, linguagem e
comunicação). Aborda também o histórico do facebook, características, citando e
apresentando dados do facebook no Brasil e em Sergipe, reafirmando assim a
importância das redes sociais digitais na interação, educação e comunicação dos
surdos.Por fim, no último capítulo ela nos revela com mais detalhes o percurso
metodológico da pesquisa,seus instrumentos, dados, como organizou, tabulou e
analisou através dos questionários, fóruns, diálogos no fórum da rede social.
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